domingo, 19 de junho de 2011

Tio Nando




Tio Nando, já que és tão racional, podias ter feito o obséquio de ter escrito num dos teus poemas que desnecessário seria pôr esta pobre gente a estuda-los para exames nacionais. Afinal, segundo a tua tese, o leitor não sente a dor por ti fingida, nem sente sequer a imaginária, porque a fingida foi sentida por ti outrora, e a imaginária tida como uma intelectualização da dor por ti sentida, portanto fingida nos momentos contemporâneos à tua escrita. Será então correcto dizer que ler os teus valiosissímos e secantes poemas, com todo o respeito, não nos fará jamais saber e interiorizar a dor por ti sentida/fingida/imaginada/sabe-se lá mais o quê. Sabendo que um poema tem como objectivo transmitir seja lá o que for, diz-me lá tio Nando, porque é que nós temos que estudar os teus desabafos de meia-noite à luz das velas, se nunca supriremos esse objectivo? Pois é tio Nando. Tu, que és tão reservado, devias vir dizer a estes senhores que estudar os teus poemas não é para esta gente, nós não temos nada a ver com os teus problemas não é?Não temos nada que nos meter na tua vida não é?As tuas coisas, são tuas e só tuas. E a dor também é tua e só tua. E os poemas também. Não é? Vá lá tio Nando. E rapidinho, que o exame é já amanhã.

3 comentários:

Takeshi Agarie disse...

kkkkkkkkkkkkkk

Isso é que é desespero

mary disse...

Eu adoro Fernando Pessoa... Não me chateava nada quando tinha que estudá-lo no secundário! Chateava-me Eça de Queiróz e o Saramago, esses sim. Gente aborrecida.

Dudu disse...

Eu gosto dos dilemas do tio Nando, não gostei é dos dilemas que ele me fez passar no secundário mas acaba por se superar